quinta-feira, 26 de março de 2009

INFARTO EM JOVENS



O infarto em jovens é realmente mais grave ?
O que faz um jovem infartar ?
Existem alguns mitos sobre o infarto do miocárdio em adultos jovens.
É muito comum ouvirmos que o infarto em jovens é mais grave, que quem infarta jovem sempre morre, que pessoas antes dos 30 não podem infartar por isso pode-se beber, fumar e consumir qualquer coisa até esta idade.
Realmente infartar antes dos 35 anos é raro. De todos os infartos menos de 5% acontecem em pessoas com menos de 40 anos.
Casos como de um paciente de 35 anos que havia infartado com 29. É incomum? É, mas acontece.
As pessoas jovens que infartam, normalmente apresentam 2 ou mais dos seguintes fatores de risco:
- História familiar
- Colesterol elevado.
Além dos fatores de risco comuns descritos acima, é frequente encontrar entre os jovens (menores que 40 anos) que infartam, as seguintes condições especiais:
- Alterações da coagulação como doença de Leiden
- Síndromes familiares que apresentam colesterol elevadíssimos
- Vasculites (doenças que causam inflamações dos vasos) como Kawasaki
- Insuficiência renal em hemodiálise com inicio na infância
- Doenças auto-imunes como lúpus.
O cigarro parece ser o principal fator de risco, já que 81% dos jovens que infartam apresentam o hábito de fumar. Mas toda vez que nos deparamos com uma pessoa jovem com suspeita de infarto, principalmente se não houver os fatores de risco descritos acima, é imprescindível pensar no consumo de 2 drogas: anfetaminas e cocaína. 25% dos infartos em jovens estão relacionados ao uso de cocaína. Na primeira hora após o seu consumo , o risco de se ter um infarto é 24x maior do que o risco de base. Agora imaginem o estrago se essa pessoa acumula 2 ou 3 fatores de risco e ainda consome a droga. O grande mito sobre o infarto em jovens, é que esse seria muito grave, pois não há circulação colateral desenvolvida. Isso não tem nenhuma base científica e é uma interpretação errada da fisiologia humana. Na verdade os infartos em jovens consumam ser MENOS graves.
Vejam os dados sobre cateterismos realizados em menores 40 anos e maiores de 50 anos:
- 18% dos jovens não apresentava nenhuma lesão visível nas coronárias contra apenas 3% dos mais velhos
- 60% dos jovens apresentam doença em apenas 1 artéria coronária (sinal de doença "leve")contra 24% dos mais velhos.
- Quando se fala em obstrução em 3 artérias ao mesmo tempo (sinal de doença arterial grave), apenas 19% dos jovens a apresentam, contra 39% dos mais velhos.
A mortalidade intra-hospitalar após o infarto é de apenas 2,5 em menores de 45 anos, 9% entre 45 e 70 anos e 29% em maiores de 70 anos.
A sobrevida após 10 anos do infarto também é maior em quem o sofre antes do 45 anos.Portanto, quanto mais velho, mais grave costuma ser um infarto.
O ponto a ser chamado a atenção é o seguinte: uma pessoa que infarta aos 40 anos, tem em média mais 40 anos de vida para conviver com as consequências e limitações de um coração infartado, além do risco de infartar de novo. Um senhor que infarta aos 75 anos, já passou sua fase produtiva e a própria idade avançada se encarrega de limitar suas ações.
Prof. JAIR ECKER.

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